Alunos do “2º A” da Escola Estadual Menodora Fialho de Figueiredo, em Dourados, idealizaram e realizam na quinta-feira (19) a I Festa e Caminhada do Tereré. Os objetivos: inserir o evento no calendário de atividades culturais da escola e resgatar a importância histórica da erva mate e do tereré nos aspectos econômico, político, cultura e de lazer no município e em Mato Grosso do Sul.
A caminhada começará às 07h30 em frente à Escola Menodora, na Avenida Weimar Torres, indo até a sede social do Clube Nipo-Brasileiro de Dourados, na esquina com a Rua Toshinobu Katayama, e de lá alcançará à Avenida Marcelino Pires e rumará à Câmara Municipal de Dourados, onde deve chegar por volta das 9 horas.
Na Câmara está previsto um ato público e várias atividades com apresentações culturais, trabalhos escolares, exposição de utensílios utilizados para o consumo de tereré, além de palestras e a apresentação de um vídeo-documentário sobre a erva mate de Diego Capilé.
O projeto da I Festa e Caminhada do Tereré vem sendo discutido e materializado desde o mês de agosto pelos alunos com a coordenação dos professores Maria do Carmo e Enio Ribeiro de Oliveira.
Além da comunidade escolar da Escola Menodora poderão participar do evento alunos de outras escolas, escritores, autoridades políticas, religiosas e comunitárias, enfim toda a sociedade douradense. A inscrição custa R$ 15,00 com direito a uma camiseta.
(*) A História da Erva-Mate em MS
Os primeiros a fazerem uso da erva-mate foram os índios Guaranis, que habitavam a região definida pelas bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, na época da chegada dos colonizadores espanhóis. Da metade do século XVI até 1632 a extração de erva-mate era a atividade econômica mais importante da Província Del Guairá, território que abrangia praticamente o Paraná, e no qual fora fundado 3 cidades espanholas e 15 reduções jesuíticas.
A erva-mate foi classificada em 1820 pelo botânico francês Saint-Hilaire, após observar os ervais nativos em uma fazenda nas proximidades de Curitiba. Na preparação da erva-mate destacam-se duas fases distintas: a primeira no erval, a segunda nos engenhos. O preparo do mate nos ervais inicia-se com a colheita, feita a facão ou a foice, transversalmente de baixo para cima. A hora propícia a esta operação influencia na qualidade do produto, pois é necessário que as folhas do mate não estejam molhadas pelo sereno, devendo a colheita ser realizada nas primeiras horas de sol. O sapeco sucede ao corte e pode ocorrer de duas maneiras distintas: manual e mecânica. Deve impedir a fermentação das folhas e evitar que o mate perca seu aroma natural. O sapeco manual, realiza-se na área do erval, e se dá no mesmo dia do corte. Consiste na rápida passagem dos ramos da erva-mate sobre as chamas de uma fogueira. Após o sapeco manual ocorre o quebramento da erva-mate, a separação dos ramos dos galhos grossos, que são empilhados em forma de feixe. O sapeco mecânico consta de um grande cilindro (de ferro ou de arame), em posição inclinada, onde a erva desgalhada entra pela parte superior, e graças a seu movimento giratório sai sapecada na parte inferior, devido ao ar quente que circula no seu interior, provocado pelas chamas acessas embaixo. Após o sapeco, o mate passa pela secagem definitiva no carijó ou barbaquá. O carijó é uma instalação de madeira, coberta de tábuas ou telhas, abertas dos lados. Os feixes de erva sapecada são colocados sobre um jirau de varas e submetidos ao calor provocado por uma fogueira acessa em seu interior. No barbaquá a erva fica disposta num estrado de madeira sobre a boca de um túnel que conduz o calor produzido por uma fornalha situada na outra extremidade.
O que diferencia o carijó do barbaquá é Barbacuá, que nesse último a fogueira não fica acessa diretamente sobre os ramos, evitando o contato da fumaça com a erva. Depois da secagem, a erva-mate é triturada ou cancheada, utilizando-se a força humana ou animal. O processo do uso da força humana, a erva é colocada sobre um corpo de boi ou armação de madeira e triturada por facões de pau, com 1,20 m de comprimento, recebendo beneficiamento final nos pilões manuais. A erva-mate resultante é peneirada e então denominada cancheada, constituindo a matéria prima utilizada nos engenhos de beneficiamento. A erva sapecada no engenho recebe o beneficiamento final através do sistema de soque, movido a água ou a vapor, recebendo após a classificação em tipos comerciais.
O acondicionamento da erva-mate pelos indígenas se fazia em cestas de taquara. A partir do século XVI, passa a ser acondicionamento em surrões (invólucro feito em couro de animais). Essa embalagem, típica da exportação para o Uruguai e Argentina, apresentava a vantagem da impermeabilidade do material que preservava o conteúdo durante longo período. A partir dos meados do século XIX, os surrões são substituídos pelas barricas de pinho, fabricadas em serrarias ou em oficinas artesanais. Com a utilização das barricas, intensifica-se o uso de rótulos que eram nelas aplicadas para a identificação do produto. Eram utilizados nas barricas para distinguir o engenho, marca e tipo.
Os rótulos expostos nas barricas circularam no Paraná entre 1892 e 1921, sendo alguns impressos em Curitiba e outros encomendados em São Paulo e Rio de Janeiro. O consumo da erva-mate se faz de duas maneiras distintas: sob a forma de chimarrão ou chá. Para o consumo do chimarrão, utilizam-se cuia (purungo), bomba e chaleira com água quente. O chá é a bebida feita da infusão da folha do mate e pode ser consumido quente ou frio. A erva-mate manteve-se como principal produto paranaense durante o período entre a Emancipação Política do Paraná (1853) e a Grande Crise de 1929, chegando a representar 85% da economia paranaense. As mudanças que ocorreram nos meios de transporte se intensificaram com o desenvolvimento da economia ervateira a partir do século XIX. A erva-mate era conduzida pelo homem, do lugar da colheita até o engenho, através do raído – fardo de erva-mate que chegava a pesar 200 Kg.
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